terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Mulher Benzoilmetilecgonina


- Fale-me sobre você, é tão calada.
- O que importa eu dizer se vim de uma selva colombiana, de um morro do Rio ou da periferia paulistana?
- Apenas receio, você aparenta ser tão pura. A cada dia sinto mais necessidade de sua presença. Quando você parte me sinto vazio, perdido. Queria te conhecer mais.
- Vivi com prostitutas e vagabundos, frequentei a nata da elite, sou carta marcada em festas sociáveis e estou sempre a dispor de quem pague pelos meus serviços. Não se apaixone se não conseguir me bancar.
- Não consigo evitar. Adoro o seu cheiro, adentra tão profundamente em minhas narinas que as fazem arder, fazendo com uma coriza incessante derrame gotículas de sangue e pedaços do septo...
- Meu bem, nem Augusto dos Anjos conseguiria ser tão escatologicamente romântico.
-... O sabor dos seu lábios. Beijam-me delicadamente. Minha boca adormece sob seus afagos, minha garganta gela com a sua saliva.
- E o meu mal é este, deixar companheiros convencidos de que são alguém, convictos de uma repentina inteligência, elegância e até mesmo usar ênclise em excesso. Faço-o um ser sociável e no final largo num canto qualquer da solidão.
- Não me importo. Depois que lhe conheci, deixei de me divertir com ambos os gêneros, nem festas com plurais nem passeios apaixonados com singulares.
- Seus problemas não me importam mais, estou esgotada. Estou partindo.
- Fique mais um pouco. Não consigo mais viver sem você. Não consigo dormir, viro-me a noite inteira. Tremo, tenho vertigens; perco a fome.
- Olhe bem no fundo dos meus olhos de 3-benzoiloxi-8-metil-8-azabiciclo.
- Sim, diga-me, diga-me tudo meu amor. Sussure suas palavras enquanto ainda estou consciente.
- Pague o quanto quiser, eu ficarei. No entanto, deixarei apenas um alerta: nenhuma droga neste mundo poderá te salvar de si mesmo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Jesus, a estrela do Rock, e nada mais


Não há o que duvidar, Jesus Cristo foi a primeira estrela do rock. A cruz, por sua vez, é a maior peça de merchandising na história, maior do que qualquer camiseta vendida em shows. E Jesus foi o primeiro rock star que morreu, e assim como Jim Morrison, Kurt Cobain e Jimi Hendrix, ele se tornou imortal. Tornou-se perfeito e será eterno, nunca vai envelhecer. Morreu no ápice, e dele nunca sairá

Não é só a morte que te transforma em um ícone. É o número de pessoas que estão vendo você morrer, é o jeito que a câmera pode te tornar um mártir. Nós não estamos só fascinados com a morte. Nós estamos apaixonados por ela, porque nós a tememos. E as pessoas que vivem suas vidas perto da morte, ou as que morrem tragicamente, são os que nós vamos fantasiar ao máximo. É escapismo e inveja, vivendo indiretamente ou morrendo indiretamente. Jim Morrison tinha uma qualidade de showman com ele, assim como Cristo. Ele foi inspirador. Ele comprou a escuridão para a mídia bem no meio do Verão do Amor. Ele fez e disse o que queria, e ele se comportou como uma criança, o que é admirável e belo. Eu agradeço Jim Morrison por me fazer escrever, por me fazer querer tomar ácido, e por me fazer querer ficar nu em festinhas depois de beber muito.

A força de Morrison como uma figura histórica está no seu mistério. Acho que o jeito moderno, contemporâneo tratamento dos rock stars na MTV e o mundo bisbilhoteiro da TV são uma grande ameaça a qualquer um que queira reter qualquer tipo de valor histórico. Programas como “behind the scenes” tomam a força do que você pode fazer. Se começar a explicar seus truques, então você é um mágico de merda. Eu estou assistindo a todas essas outras pessoas brincando com o que poderiam ser grandes obras de arte. Você pode ser lendário por não fazer parte dessa cultura bisbilhoteira que nós vivemos. Você pode ser famoso por "sobreviver" a algo, ou por casar com um milionário, ou por ser uma vítima de um crime. É uma época estranha que estamos agora.

Jim Morrison é um elemento sexual obscuro. Você quer crescer como ele. Já Kurt Cobain mostra como relatar sua dor e entender como a porta da morte está perto. É aquele sentimento angustiante que bate em você toda vez que ouve alguma música deles.

Quando Cobain morreu, ninguém ficou muito surpreso. Eu fiquei desapontado, mas acho que uma parte de mim ficou aliviada porque parecia que ele estava sofrendo muito nos últimos anos de sua vida, e o sofrimento tinha terminado. Ele odiaria ser um rock star como acabou sendo. Mas como Morrison e Hendrix, ele foi a prova mais incrível de gente que vive suas vidas como se não houvesse amanhã.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Deus quis você morto, e não foi à toa


Depois de um tiro - não matei ninguém, sóbrios- numa vontade enorme de conversar, desafiei Isaac (sendo quase assassinado na imagem ao lado) a me desafiar. Ele jogou uns temas, que eu tentei fugir (acho que consegui).

Dois, três tiros depois, errando a mira e acertando a mim mesmo, consegui provar que é mais difícil escrever com o nariz escorrendo. As ideias fogem, tudo passa rápido pela mente e nada estaciona.

Vamos ao que resultou dessa experência invocada pelas asneiras de artistas como Aldous Huxley, Lewis Carrol e Fábio Assunção(sic).

-------------------------------------------------------------------------------------------------

(Invente um título, sou péssimo pra isso)

Um velho aparelho de tv, jogado no canto de um cômodo de uma casa. Um lugar lúgubre, tão sujo que limo acumulara nos portais que, levemente comidos por cupins, pendia sobre a cabeça dos passantes.

A luz era menos importante do que a claridade resultante das imagens emitidas pela caixa ligada à tomada. Em certos horários, lembrando que em horários pré-estabelecidos, toda uma gama de sonhos subconscientes ou não; ganhavam vida, forma e tangibilidade.

Carlos era o possuidor da máquina, não se importava com o tamanho, orgulhava-se das 21 polegadas. Nela, ele entorpecia todos os seus problemas, preocupações e responsabilidades. Sentia-se justiceiro quando um assassino era preso, um galã de novela quando este finalmente conseguia conquistar sua donzela; e sentia que a vida ficava mais fácil quando algum personagem ganhava um prêmio altíssimo em algum reality show. Era emocionante, a sensação era real.

Sentia-se conectado com o mundo. Desde pequeno aprendeu que gatos não gostam de ratos; que enchentes são interessantes quando transmitidas ao vivo, descobriu que o amor é eterno e o sexo rápido e intenso.

Não tinha amigos, as celebridades eram suas companheiras. Silvio Santos é o cara do dinheiro e da esclerose, Xuxa rainha de seus sonhos lúdicos e, não demorou, para ser trocada para oito canais acima, pela Emanuelle.

Carlos não tinha tempo para seguir com a sua vida. Hipnotizado, era essencial acordar com Ana Maria Braga e tentar imaginar que gosto aquelas comidas diferentes tem; à tarde, era essencial relaxar com sessão da tarde para poder aguentar a maratona de novelas. Lembrando que, era essencial dormir com aquela luz azulada do telecine em seu rosto, confortante e sonolenta.

A cama em que dormia estava amassada na ponta, desgastado e em suas juntas fora acumuladas restos de comida. O Televisor ficou ligado durante oito anos consecutivos, Sharp, a numeração do modelo já havia sumido. Resistia quedas de energia, tempestades e tapas para deixar de exibir fantasmas nas imagens. O aparelho alimentava a vida de Carlos, como consequência, o colchão mostrava menos resistente ao peso adquirido por seu dono.

Num certo dia o colchão mostrou sua força e maior durabilidade. A Tv amanhecera queimada.

O plug foi tirado e colocado diversas vezes na tomada. Tapas, socos foram dados na velha caixa, que quando ligada mostrava um simples ponto branco no meio de seu monitor. Carlos puxava os cabelos, eram poucos.

Ele sentou no colchão, ficou olhando para o ponto fixo no televisor. Há anos não via sua imagem. Sua casa não tinha espelhos, era apenas a cama e o televisor. Quando andava pelas ruas, não via seu reflexo nos vidros do mercado, estava constantemente pensando nas vidas dentro do aparelho de sua casa.

Subitamente, sentiu o peso do tempo em suas costas, 29 anos sem nenhuma realização. Não era o amado de nenhuma mulher, não era um justiceiro, não conhecia nenhuma celebridade pessoalmente; muito menos tinha amigos. Não transara com Emanuele, nem no espaço, nem na selva ou muito menos na fazenda, só com a sua mão.

Não tinha tido o primeiro amor, primeiro beijo ou primeira transa.

Não viajou para Londres, Boqueirão ou visitou o quarteirão vizinho.

Seus dentes cariados de junkie food doíam, a raiz dos cabelos começava no meio da testa. Não tinha carro, moto ou bicicleta e não fazia idéia de como conduzir algum deles; nem uma dança ou uma conversa.

Sentiu o peso do mundo, da idade e da solidão. Tudo de uma só vez.

Não chorou, mas quis. Levantou-se, liberou um ódio incomum no aparelho de Tv, que se espatifou no chão de concreto.

Carlos, indignado com a realidade, abriu a porta de sua casa e nasceu.

Reiterando


Devido aos comentários - não foram postados graças a preguiça de amigos - que duvidavam de minha frequência no ensino médio, devo confessar, que sabia sim que os ursos polares vivem no Pólo Norte, norte do Canadá, Nárnia e naquele lugar do filme Bússula de Ouro ( Amandinha, vulgo Panda que adoro, assistiu, mas não se lembra).

Mas, claro, eu confirmei com o Deus Google primeiro.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

DESautorização [1]

Comecei o “Pejoratif” e esqueci-me de fazer uma leve, levíssima, introdução de onde saí tantos dejetos e afins.

A princípio o blog teria como objetivo tudo... Isso mesmo tudo que não revelasse o lado pessoal do autor nem seus dramas e problemas. Odeio blogs-diários, ninguém quer saber da sua vida. Pessoas que fazem blog-diário ainda não superaram aquele sonho adolescente “eu sou especial e é uma questão de tempo para que todos percebam”. Não caia nessa, você não é especial; a não ser que você tenha Síndrome de Down ou outra doença resultante de vidas passadas – não, eu não acredito nisso ¬¬.

Sempre perco a linha de raciocínio, isso é, quando tem algum. Ah sim! Eu.

Sei que ninguém vai ler, mas o blog é meu e faço o que eu quiser. Não encha, se eu quiser falar sobre a vida dos ursos polares no Pólo Norte (eles estão no norte? To com preguiça de procurar no Google, copiar, colar e esquecer em seguida), apesar de que eu quero que eles morram. Solitários, gordos e raivosos. Ou seja, apesar de estarem no Pólo (Sul ou Norte), eles tem todos os adjetivos para serem americanos.

Preguiça... Imensa e pecaminosa preguiça. Vou parar se não meus únicos dois leitores (Eu e minha outra personalidade) não lerão até o final. (Se você, desconhecido, leu até aqui, meus parabéns! Provavelmente não tem mais nada a fazer).

Descrição continua num post distante, nada inspirado e sonolento
.