segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Sem cobertura, por favor


Estou cansado da vaidade. Não passo gel, penteio ou ao menos ajeito meus cabelos. Inclusive, raspei os cabelos num momento Britney Spears. Agora não tem corte reco, militar, old school ou retro. Está apenas uma bola gigante com falhas e entradas denunciando o início da minha calvície.

Estou cansado da vaidade. Comprarei roupas de lojas de departamento e verei se minha personalidade resiste à ausência da logomarca da Cavalera, M. Officer ou Calvin Klein. E prometo não chorar quando a máquina de lavar roupas esticar alguma camiseta.

A vaidade cansa, e eu estou cansado. Não vou malhar, vou comer gordura trans e fumarei. Comerei trash food sem o receio que as espinhas explodam no meu rosto deixando uma poça de oleosidade brilhante e chamativa.

É necessária, mas estou cansando da vaidade. Deixarei os pêlos crescerem junto à barba e tudo que deixa à lá natural. A sobrancelha vai fechar e, de uma forma natural, ficarei parecido com um primata.

Sei que não sou alto, bonito ou sensual. Apenas compro e, em seguida, visto-me desta maneira.

3 comentários:

Eduardo Araújo disse...

Ciumô? Aguarde, por que eu revido.

Eduardo Araújo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Araújo disse...

O sabonete anda muito caro. Resolvi tomar banho com sabão de côco. A idéia não foi minha, foi de uma dermatologista que consultei no século passado. Ri por dentro na ocasião. É neutro, vai fazer bem para sua pele. Neutro? Vou chamar a atenção onde for. Não haverá quem me trisque, cheiro de palmeiras cansadas, espirro de maresia, roupas quarando ao sol, velhas ensaboando na beira do rio. Cheiro de tanque é cheiro de pobreza. Miséria branca de espuma. Passado o tempo. Não estou nem aí. Nunca gostei de perfume, nunca me adeqüei bem às modas do tempo. Vejo fotos antigas, passei incólume sobre o ridículo do tempo. As sempre mesmas calças jeans, camisetas brancas, sapatos e tênis baratos, e uma longa fase cinza. Pois queria não aparecer. (Meu período de auto-destruição). Leio seu texto, tempos outros. Tudo vem de fora. Como nos vêem, é o que a gente espelha. Narciso simulando o reflexo. Daí, uma leva de gente igual. Uma semelhança enfadonha. As mesmas tatuagens, piercings, o mesmo gel, tênis baixos, outro com molas. Depende do grupo, uma horda emo, rave, rock, jiu jitsu, dublês de loshermanos, uns pretos de Jay-Z e Beyonce, chapinhas lambindas no cabelo. [Será que um dia foi diferente?] No final, tudo valendo pouco. Bom papo, inteligência, simpatia, algum humor e sarcasmo na medida certa compensando o resto, e dando a medida verdadeira da pessoa. A carcaça variando (boas, fazem toda a diferença). Capriche na carcaça com bom senso, pois boa aparência abre portas. Tudo dependendo das portas (portas?) que queira abrir.